Lady Bird: É Hora de Voar é uma filme simples, singelo e sensível sobre a transformação de uma menina em uma mulher. Contudo, nesse meio, há aquele eterno conflito entre mãe e filha, que sendo homem eu não entendo: como pode elas brigarem tanto e se amarem na mesma proporção? Vi muito a relação de minha irmã e minha mãe nesse poderoso filme sobre a juventude e o amadurecimento feminino.
Eu gosto muito de filmes que tentam decodificar a juventude. Não há como explicar essa fase indecifrável da vida, mas é sempre um exercício interessante ver como realizadores enxergam essa fase que antecede o período adulto. O grande acerto aqui é contextualizar os adultos no entorno da vida de Christine “Lady Bird” (Saoirse Ronan) e moldar um discurso dizendo: por mais que você tente se rebelar, você é como a sua família; você é a cidade em que viveu; a escola onde estudou; e tudo que você viveu até aqui. Negar isso só te afasta da real beleza do que de fato você é. Lady Bird é um jovem inquieta a procura de si mesma.
Lady Bird tem semelhanças com As Vantagens de Ser Invisível, O Verão da Minha Vida é A Culpa é da Estrelas. O que o coloca no degrau superior é a delicadeza do roteiro e da direção de estreante Greta Gerwig. Nem é a melhor atuação de Saorise Ronan, mas ela é tão acima da média que transforma algo simples em majestoso. Em uma temporada em que as mulheres prometeram [e estão cumprindo] meter o pé na porta, Lady Bird: É Hora de Voar só ratifica uma hipótese que tenho há anos: se as mulheres pudessem realizar artes no passado, quando não lhes era permitido, aposto que teríamos artistas até superiores à Da Vinci, Mozart e Spielberg. Mas estamos chegando lá, já temos Saorise e agora Gerwig.
Lady Bird: É Hora de Voar (2017)
Direção: Greta Gerwig
http://www.imdb.com/title/tt4925292/
Gilvan Marçal – gilvan@gmail.com
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