Um Lugar Silencioso – ★★★★★

um-lugar-silencioso_1.jpgShissssssssssssss! Silêncio. Essa será minha primeira resenha escrita com o mínimo de ruído afinal, eles podem escutar. Nunca escondi minha preferência pelo gênero de terror/suspense. Mas nem nos meus melhores pesadelos, por dois anos seguidos, a temporada começa com um baita filme de horror dizendo: sim, Um Lugar Silencioso já é um dos melhores filmes do ano. Na temporada passada o cargo foi ocupado por Corra!, cujo resultado nós vimos no Oscar 2018.

A brilhante ideia do roteiro Bryan Woods e Scott Beck encontrou a direção certeira de John Krasinski, mais conhecido como ator e com apenas um filme no currículo como diretor, Família Hollar. Com uma estória tão sensacional, Krasinski também quis atuar, afinal, o arco do personagem do pai é estupendo.

Com uma introdução simples e eficaz sabemos em pouco minutos que algo aconteceu no mundo e que, se você fizer barulho, você estará morto em segundos. Um Lugar Silencioso apresenta seu conceito de forma dura, brutal e invejavelmente elegante. O silêncio só não é maior que a dor que se escuta pelo ar. A família vive a dor de sua perda em silêncio. O pai, tenta entender o que é o inimigo: um monstro? um alien? O filme não explica. E não precisa. Você não está no cinema. Você está naquela fazendo, junto com a família. O que você preciso saber é: faça silêncio.

É delicioso ver um filme quase silencioso em que o roteiro utiliza a linguagem de sinais para surdos (no Brasil é chamado de Libras) para estabelecer a comunicação da família. Melhor ainda foi a solução final do longa sair desse conceito de surdez, desenvolvido pelo roteiro.

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Os dois muleques (Noah Jupe e Millicent Simmonds), como já tem sido um padrão atual [eita mulecada boa de serviço], se destacam nas atuações.  Emily Blunt, que vem a cada filme se tornando uma das minhas atrizes favoritas, me fez estrebuchar na poltrona de tanta tensão nas cenas com o bebê. E, convenhamos, PQP nos roteiristas que tiveram a brilhante a ideia de uma mulher grávida em um mundo apocalíptico em que é preciso fazer silêncio. Eu olhava para Carol [minha esposa] e nos questionávamos: como fazer para esse bebê não chorar?

Um Lugar Silencioso prova que basta uma boa ideia, bem lapidada e temos um espetacular filme e que promove uma boa reflexão – como será a vida de um surdo diante do nosso mundo barulhento? Indico verem também o longa 170 Hz. Há muitas questões ainda a serem respondidas: Quem são esses bichos e como eles vieram parar aqui? Com criatividade e trabalho é possível transformar Um Lugar Silencioso em uma ótima franquia. Só uma coisa me incomodou – não precisava ter trilha sonora com violinos e celos. Uma trilha com os sons da natureza, ao estilo do som da cachoeira, elevaria o filme à uma obra prima espantosa. Mas o filme é produzido por Michael Bay, então é querer muito.

Um Lugar Silencioso (2018)
Direção: John Krasinski
http://www.imdb.com/title/tt6644200/
Gilvan Marçal – gilvan@gmail.com

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