Corra!

Corra! é um suspense, tentando ser filme de horror, em que temos a brilhante ideia de usar como monstro uma faceta horrenda do ser humano: o racismo. A trama é sobre um jovem preto (entenda por que uso preto e não negro), Chris, que vai enfrentar o terrível teste de conhecer os pais da sua namorada branca, Rose. Contrariando as expectativas habituais do racismo americano, a família o recebe muito bem. Mas como um bom fotógrafo, Chris tem um olhar detalhista e percebe que há algo estranho naquela família.

A discussão racial nem é o forte do longa, pois o tal grupo/seita da família Armitage não é “tão” racista, pois se o fosse, não escolheriam os pretos para os fins que desejam. Os pretos são selecionados por serem fortes, diferentes ou exóticos. A questão soa um tanto escravagista quando verificamos que Chris está sendo leiloado. Mas a pergunta é pra que? Soa como se Chris fosse um escravo, daqueles que chegavam nos navios e eram vendidos, em um triste passado que ainda nos incomoda.

Mas o que deixa o filme muito saboroso é o uso da hipnose na trama como um elemento da narrativa. Há algo errado com os empregados pretos da casa. Não parecem pessoas normais. Chris consegue descobrir o que é, mas pode ser tarde demais para ele.

A história é instigante e, mesmo com pequenos detalhes do diretor estreante Jordan Peele, Corra! é uma das grandes surpresas da temporada. O longa não discute com tanta força o irritante racismo que ainda existe no mundo, mas promove um olhar forte, diferente ou mesmo exótico sobre a questão. Seria essa uma resenha um tanto racista? Ou será que nosso olhar anda guiado demais?

Corra! (2017)
Direção: Jordan Peele
http://www.imdb.com/title/tt5052448/
Gilvan Marçal – gilvan@gmail.com

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